Nunca paro de me impressionar com a capacidade dos escritores em metamorfosear nossa vida em uma epopeia ora alegre ora reflexiva, por vezes até melancólica.
Saio de um Dostoiévski ,romance em que estive mergulhada esta semana, impactada com seu anti-herói, onde corajosamente expõe sentimentos torpes, seu dualismo ,seus anjos e demônios que convivem lado a lado no subsolo dele mesmo.
Fico a imaginar o autor na aguda necessidade financeira que o levou a escrever o livro Memórias do Subsolo, à cabeceira de morte de sua primeira mulher e neste contexto consegue condensar um dos momentos mais importantes da literatura ocidental .
Confesso a vocês que durante a leitura surpreendi-me, vez por outra, divagando, cavando sentimentos homônimos dentro de mim…Enxotei tais pensamentos,afinal, não queria pensar “no feio” que existe aqui dentro, guardado em celas com cadeados .Em vão.
Dei-me conta do grandioso esforço diário despendido para mantermos nossas feras bem trancafiadas nas jaulas, no subsolo .Ah, Fiódor Dostoiévski ! Eu estava quieta e superficialmente contente no meu país de Alice e tu vens remexer meus porões, revirar minhas prateleiras,quebrar os frascos das minhas poções de frágil contentamento .
Mas o bonito do ser humano,caro Fiódor, reside justamente no seu contraponto, no outro lado da sua moeda, no seu lado iluminado e, apesar de toda sujidade bem resguardada nos porões de si mesmo-na capacidade infinita que ele tem de amar. Mas é claro que tu sabias bem disso, ó grande escritor!
Estou navegando agora na maciez , na fluidez da Elegância do Ouriço e completamente rendida à escrita de Muriel Barbery.
Salve os escritores!
SALVE 25 DE JULHO!
Minha tardia homenagem a vocês que me inspiram,enriquecem e colorem meus dias.
Querida, nada me resta a não ser curvar-me diante de teus comentários. Provas que és Escritora, e das boas, cada vez mais inspirada e sensível. O texto acima é um dos mais espetaculares que já vi e acabei de criar mais um título para ti: crítica literária. Ga, a mulher das mil facetas. Um orgulho ser tua amiga. Bjs!
Isto aqui está me cheirando a amiga que acha que me devia comentário pelo último post e agora está elogiando em dobro pra matar dois coelhos com uma cajadada só ! rs Mas adorei mesmo assim ! bjo grande
Dê,
Sem dúvida, indo aos porões, o sol se faz necessário…
Parabéns pela escritora inspirada que cada vez mais se ilumina.
bjs da tua fã e amiga
Falou, mestra! bjo cheio de sol
Oi, não li este livro, mas sei bem como é qaundo algum endiabrado nos obriga a olhar fundo. Acontece tanto!
Não me tocou a Elegância do Ouriço, vamos ver o que tu achas.
Beijos da crise
Até agora estou gostando do estilo da escritora e me divertindo com a zeladora culta do prédio da rue de Grenelle. Qto ao Memórias do Subsolo, Martha, Nietzsche ao lê-lo pela primeira vez, escreveu a um amigo:” a voz do sangue fez-se ouvir de imediato e minha alegria não teve limites”.Muitos viram neste livro uma prefiguração das ideias de Freud acerca do inconsciente.bjos em uma semana “significativa”
Estou vendo que vc não perdeu a leveza e o estilo com as palavras…ganhei recetemente da minha amada o livro Gente Pobre, um livro fantástico acho q deveria ler.
Vai estar na Bienal de SP?
Bjos
Este livro é de impressionante maturidade, se considerarmos a idade do autor qdo escreveu.Preciso reler. Fui convidada a participar da Bienal, mas vou estar viajando quase o tempo todo . Devo dar uma espiada na abertura somente.bjo
Acabei de ver o livro em inglês aqui em Miami. Achei mais prudente comprar em português. Falando em Freud, indo de cá prá lá e de lá prá cá, me deparei com a figura e, mais precisamente as ideias, de Viktor Frankhl, contemporâneo de Freud. Acho que vais gostar. Daria um clubinho inteiro. Beijos e já deixei um comentário no outro post.
Fez bem …não perdes tempo, heim?rs Vou espionar o tal Viktor. O pequenino capítulo Guerras e Colônias do A Elegância do Ouriço já valeu o livro…bjos